Estudo mostra que semente de uva é opção para dano em restauração dental
2015-10-08Para realização dos testes, com o extrato da semente da fruta, foram utilizados 48 dentes humanos, sem cárie e sem restauração.
Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP concluiu que o extrato de semente de uva pode ser uma alternativa para o combate a danos em restaurações de resinas compostas, material utilizado em restaurações. Segundo especialistas, a durabilidade de restaurações é considerada, atualmente, um dos principais problemas enfrentados pela área odontológica.
Estudo desenvolvido pela cirurgiã-dentista Ana Beatriz Silva Sousa avaliou o extrato de semente uva e duas outras soluções inibidoras de enzimas presentes na boca e que causam danos às restaurações. A pesquisadora afirma que os resultados mostraram que o extrato de semente de uva é mais eficaz que a clorexidina e tão eficaz quanto a doxiciclina, materiais normalmente utilizados, com a vantagem de ser um produto natural. “Assim como a doxiciclina, o uso da solução inibidora de extrato de semente uva prolonga a vida útil da restauração com resina e, consequentemente, auxilia na redução de gastos extras com reposição de tratamentos estéticos.
Ana Beatriz explica que o extrato de semente de uva é um composto em pó que pode ser usado de forma diluída, e que há estudos em andamento com o objetivo de encapsular a solução. Parte da pesquisa de Ana Beatriz foi feita na Universidade de Illinois, em Chicago, Estados Unidos. “Atualmente, o grupo onde trabalhei em Chicago está pesquisando maneiras de incorporar o extrato de semente de uva no ácido fosfórico que utilizamos no nosso protocolo restaurador tradicional”, afirma.
Para realização dos testes, com o extrato de semente de uva, foram utilizados 48 dentes humanos, sem cárie e sem restauração. Em cada um deles foi feita uma abertura no centro, e separados em quatro grupos, sendo um grupo controle, que não recebeu a aplicação de nenhuma solução, e os outros três grupos em que foram aplicados, antes da restauração, a clorexidina, a doxiciclina, e a solução com semente de extrato de uva.
Em seguida foi realizada a restauração de forma tradicional, a mesma que é feita nos consultórios odontológicos. Após, os dentes restaurados foram testados com saliva artificial e ciclagem mecânica (processo que simula o desgaste de um dente por um determinado período) para avaliar a resistência da união entre a dentina e o material restaurador.
Os resultados mostraram que a utilização das substâncias inibidoras não alterou a resistência da junção entre os dentes e a obturação, mas por outro lado todas as soluções, inclusive a com extrato de semente de uva, foram capazes de reduzir os danos causados pelas chamadas MMPs (metaloproteinases), enzimas que atuam diretamente na boca e nos dentes causando danos nas restaurações.
Segundo a pesquisadora, no intuito de buscar melhores resultados na durabilidade das restaurações odontológicas, o principal objetivo do estudo foi avaliar a eficácia das substâncias inibidoras. “Os resultados somam-se a outros semelhantes desenvolvidos tanto no Brasil quanto no exterior, e apresenta o extrato de semente de uva como um composto natural alternativo para a atuar na redução dos danos das restaurações odontológicas”.
Os próximos passos da pesquisa, diz, é avançar na aplicação dos testes. “Vamos continuar na avaliação do efeito da utilização de substâncias inibidoras de MMPs ou outras enzimas que degradam a dentina em restaurações adesivas, mas submetidas a condições de envelhecimento mais severas”. A tese Efeito do uso de primers bioativos na interface dentina-adesivo, foi orientada pela professora Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza da FORP. A defesa foi no último mês de julho.